Ficou com esse estigma para o resto da vida, conhecido como Renato 24.

No dia do nascimento, seu pai Manuel Vara, estava trêbado de alegria com o nascimento do filho, o primeiro a nascer naquele dia; isso engrandecia a data em muito, e justificava a bebedeira.

Na oportunidade, o pai deu N entrevistas às rádios e TVs, inclusive para o vendedor de pamonha que tem uma barraquinha próxima do hospital, e todos divulgaram o nascimento.

Esse dia de intensa alegria se transformou em tristeza para Manuel Vara, ao aparecer na TV, segurando uma garrafa de cachaça “Consolo de Corno”.

Sua esposa não gostou e não o perdoou; e o casamento que já estava se deteriorando, foi a pique; discutiram muito e alguns dias após o nascimento de Renato 24, Manoel Vara abandonou de vez a esposa e o rebento, caiu no mundo e nunca mais foi encontrado.

Renato 24 cresceu junto à mãe na favela do Rato Molhado; não conseguiu completar o primário, e na adolescência já dava mostras de que se tornaria um rapagão grande e forte.

Fez de tudo na vida. Foi engraxate como o pai, ajudante de pedreiro, puxador de carrinho de entulho, destaque no carnaval e porteiro na zona, aliás, onde fez carreira e foi sua desgraça.

O apelido de Renato 24 o incomodava muito, dava uma conotação de bichona, o que não era verdade.

Pretendendo reverter este estigma, pensou, pensou e teve uma brilhante idéia. Aproveitando-se do meio onde trabalhava começou a divulgar que 24, do seu apelido, era o tamanho do seu documento, do seu talento viril.

E quem tem fama dorme na cama!

Renato 24 queria ter o talento digno de todas as invejas e admirações, porque nesse mundo, tamanho é documento sim!

Por ser uma pessoa normal e não ter o talento que pretendia, Renato 24 pensou que se tomasse chá de vergalhão, fizesse algum tipo de musculação peniana atingiria o objetivo desejado.

Procurou o pai de santo Moisés de Barranco Alto, que o ouviu e lhe passou uma receita: deveria tomar um chá de ervas e fazer exercícios com pequenos pesos amarrados no documento, três vezes ao dia. Isso resolveria o problema.

Renato estava determinado; começou no mesmo dia.

Após uma semana de exercícios e nada de resultados, desesperou-se, escancarou o problema, amarrando logo um ferro elétrico, daqueles antigos de ferro fundido, pesado, e saiu balançando pela residência.

De repente teve um troço. Sua mami o socorreu e rapidamente removeu-o para o hospital, semimorto, com o talento destroncado, igual frango.

Hoje, Renato 24 está há mais de mês no hospital convalescendo da enfermidade e se arrepende de seus atos.

Disso tudo ficou o ensinamento popular:

“Mais vale um talento nato, do que dois postiços!”

Wagner Sampaio é Advogado

Leia também:
RAPP DA PRIMAVERA por Wagner Sampaio